(Matéria públicada no Jornal vitrine Lageana em 27/01/2013)
Na cidade
de Lages se fala muito em Policia Comunitária. Pudera, aqui foi iniciada a
instalação da filosófica da policia comunitária no Estado, e que acabou tendo
um excelente resultado, com sucesso inigualável, recebendo reconhecimento a
nível nacional.
Porém, á
policia comunitária é mais do que a Policia se aproximar do cidadão e trabalhar
junto com ele. Ela em verdade é um caminho de mão dupla entre Policia Militar e
Comunidade e desta forma a Policia Militar faz sua parte, a comunidade faz a
sua e, ambas, trabalhando junto alcançam objetivos que são de interesse comum.
Trabalhei
em diversas cidades do Estado, e fui um dos precursores da Policia Comunitária,
quando essa ainda era uma experiência e chamava-se Policia Interativa.
Nos anos
de 1997 a 2001, na cidade de Campos Novos-SC, meu Pelotão foi designado como
Projeto Piloto, quando então implantei a sistemática de divisão da cidade por
setores de policiamento, com policiais atuando especificamente em uma área
fixa, devidamente orientados e engajados na solução de problemas, e que acabou
sendo usado na cidade de Lages.
Durante
aquele tempo percebi que uma das grandes ferramentas para o sucesso dos
trabalhos partia da participação dos moradores. Chamou-se essa ferramenta de
“Vizinho Solidário”, que nada mais é do que a união dos moradores de uma
determinada rua ou bairro, que passavam a cuidar um dos outros (das pessoas e
seus bens) solidariamente.
Para
isso, o passo inicial é a interação daquela comunidade, entre si, para aproximar
os vizinhos um dos outros e por consequência resgatar a sensação de segurança,
por meio de posturas preventivas, individuais e coletivas, desenvolvendo-se o
sentimento de pertencimento social e dizer não a indiferença para com o outro.
Quando as
pessoas de uma comunidade interagem e se conhecem, a preocupação com os
interesses da coletividade aumenta, inclusive com questões de segurança
pública, criando um sentimento de reciprocidade de obrigações e interesses,
tanto entre os cidadãos como entre estes e os órgãos de segurança.
Porém, Lages carece de um programa que leve
a uma conduta a tornar o cidadão um “Vizinho Solidário”, o que não impede que a
própria comunidade tome consciência dessa necessidade e tome a iniciativa, passando
a se organizar e interagir entre si. Daí para frente, os próprios resultados demonstrarão
que essa conduta social é eficiente para solução dos problemas, quando então,
através dos CONSEG´s (Conselhos de Segurança) se organizará o necessário para implementar
um programa que oriente essa conduta. A participação dos CONSEG´s já esta
adaptado a essa ferramenta, pois na sua concepção, os CONSEG´s são exatamente o
engajamento da comunidade na forma geral.
Alguém pergunta: E daí? Conheço meu
vizinho, converso com ele, jogo bola, faço festa, mas é só isso?
Não! A partir disso passamos naturalmente
a agir solidariamente, pois quebramos o gelo existente, ou melhor, a desculpa
existente, de que “eu não tenho nada com isso” quando o meu vizinho estiver
sendo assaltado, agredido ou precisando de ajuda.
Resumindo ao máximo, pois o tema exige
muitas paginas deste jornal para esgota-lo, são basicamente as seguintes
atitudes que deverão ser adotadas pelo “Vizinho Solidário”:
- Ao ver alguém estranho perambulando
pelas ruas da minha vizinhança, fico observando-o e, se notar algo suspeito, aciona
a Policia Militar;
- Ouvindo um grito ou barulho aciono a
Policia Militar, pois um vizinho pode precisar de ajuda;
- O vizinho vai viajar e pede para
cuidar da casa, alimentar os animais, e dessa forma não deixando a casa com
aparência de abandonada, pois é um chamariz para os ladrões;
- Percebendo que há problemas de
infraestrutura, aciono os responsáveis pelos serviços públicos, como por
exemplo, o de manutenção de vias, limpeza, iluminação pública, água, esgoto, etc;
- Responsabilizando-se junto com os
demais moradores pelos espaços físicos em áreas específicas, como praças,
parques e jardins;
- Participando como grupo, de
campanhas de preservação da fauna e flora, replantio de árvores, reciclagem de
lixo;
- Monitorando ameaças de poluição
ambiental;
- Auxiliando na busca da parceria de
outros moradores da comunidade;
- Prestando os primeiros socorros em
situações emergenciais (alagamentos, incêndios, etc);
-
Apoiando o funcionamento dos agentes de segurança;
- Auxiliando o Líder Comunitário
(Presidente do CONSEG) no mapeamento das áreas de risco;
- Auxiliando as pessoas deficientes e
de terceira idade;
- Auxiliando na mobilização de
moradores a participarem dos programas de policiamento comunitário;
- Apoiando e participando dos
Programas Preventivos da Polícia Militar.
- Não permitindo a presença de
vendedores ambulante nem catadores de lixo não autorizados. Comunicando ao
Líder Comunitário, o órgão competente do município, ao CONSEG ou a
Polícia;
- Atentando para a presença de desocupados
ou pessoas em estado de vadiagem, comunicando imediatamente ao Líder
Comunitário ou à Polícia Militar;
Lembre-se de que “Segurança pública é dever do Estado, direito e responsabilidade de todos”
Cleber
de Souza Borges
Tenente
Coronel PM.